sábado, 20 de maio de 2023

Patagônia Express

Foi difícil decidir se eu iria para a Patagônia com uma agência ou por conta própria. Pesquisei diversos roteiros nas agências de aventura com que costumo viajar (Pisa Trekking e Venturas) e também na Freeway, mas não encontrei nenhum que eu quisesse fazer, na data que eu teria férias e por um valor que eu estava disposta a pagar. Todas as agências ofereciam ótimas opções até o final de abril, quando termina a temporada de verão, mas minha viagem seria na primeira semana de maio. 

Portanto, minha primeira dica para ir para a Patagônia é que você vá entre os meses de Outubro e Abril, quando há mais opções de passeios e quando o clima está melhor para poder aproveitar as vistas e trilhas que a região oferece. No meu caso, acabei decidindo organizar a minha própria viagem, o que, além de dar um pouco mais de trabalho, talvez pudesse ser otimizada caso eu fosse com alguma agência.

O planejamento

Minha intenção era ir para a Patagônia Argentina e Chilena, sem passar pelo Ushuaia (que considerei muito frio para a minha pessoinha). O melhor roteiro que eu encontrei para o que eu queria era o Patagônia Express, da Pisa Trekking, que ficava dois dias em El Calafate (Argentina) e um dia em Torres del Paine (Chile), mas não era oferecido na data em que eu iria viajar. Então, decidi fazer o mesmo roteiro sem a ajuda da agência. 

A passagem foi fácil decidir. A Aerolíneas Argentinas estava com uma tarifa muito boa para o mês de maio, com um tempo total de viagem de 8h, o que era muito menor que os demais voos. Paguei aproximadamente R$ 2000 (incluindo taxas) para ida e volta de São Paulo a El Calafate, com conexão de 2 horas em Córdoba, o que é bem melhor que a conexão em Buenos Aires, que requer uma troca de aeroporto. Os únicos pontos negativos foram que, na ida, tivemos que retirar a mala e despachar novamente em Córdoba, e que praticamente passamos fome, pois a companhia aérea só nos deu um lanchinho no voo entre São Paulo e Córdoba e um amendoinzinho no voo de Córdoba para El Calafate. Mas dá tempo de comer alguma coisa no aeroporto durante a conexão, então ficou tudo certo. 

Também havia pesquisado a opção de ir pela Argentina e voltar pelo Chile, considerando que o trecho entre El Calafate e Torres del Paine também era bem longo. Mas as tarifas aéreas estavam muito mais caras, então decidi ir e voltar por El Calafate e, de lá, ir e voltar para Torres del Paine. 

No caso da hospedagem, reservei pelo booking.com, os três primeiros dias em El Calafate no Hotel ACA El Calafate, dois dias em Torres del Paine no Hotel Lago Grey e mais um dia em El Calafate, no mesmo hotel, antes de retornar a São Paulo. 

O hotel de El Calafate é um três estrelas com o melhor custo-benefício. Super bem localizado, bem decorado e com um ótimo atendimento. As quatro noites custaram R$ 1000 para duas pessoas. Já o hotel de Torres del Paine era outro patamar... como iríamos ficar apenas um dia inteiro por lá, escolhemos um hotel boutique dentro do Parque Nacional, e as duas noites saíram por R$ 2000 para duas pessoas. É bem mais caro, mas de vez em quando podemos nos dar esse luxo, não é mesmo? Além disso, os funcionários são extremamente atenciosos, e o próprio hotel possui diversos passeios e trilhas, que podem ser contratadas à parte. Então valeu super a pena. 

Quanto ao roteiro, como sempre, pesquisei no blog Viaje na Viagem e encontrei dois posts super completos sobre El Calafate e Torres del Paine. E a primeira coisa que li neste blog foi que não valia a pena alugar um carro para ir de El Calafate para Torres del Paine, pois as estradas quase não tinham postos de gasolina e teríamos que passar na imigração sozinhas. Como estávamos só eu e minha irmã e nenhuma de nós estava morrendo de vontade de dirigir, preferimos tentar outras formas de locomoção.

Foi aí que o meu planejamento ficou complicado... Perguntei nos dois hotéis que eu havia reservado como poderíamos chegar de El Calafate ao hotel de Torres del Paine, e basicamente a única forma nesta época do ano era alugar um carro (que já havíamos descartado) ou contratar um transfer. Mais uma vez, viajar fora da temporada dificultou um pouco as coisas, pois muitos ônibus não operavam ou operavam apenas em alguns dias específicos da semana neste período.

Fizemos a cotação do transfer em algumas empresas recomendadas pelo hotel e o valor era no mínimo R$ 4000 ida e volta, para duas pessoas, de hotel a hotel. Ou seja, o mesmo valor que havíamos pagado na passagem de avião de São Paulo a El Calafate! Sendo assim, esta opção também foi descartada. A solução foi pegar um ônibus de linha de El Calafate (Argentina) até Puerto Natales (Chile) e contratar o transfer da 4x4 Patagônia (WhatsApp: +569 9731 5866) de Puerto Natales até o Hotel Lago Grey, totalizando R$ 1600 ida e volta para duas pessoas (ônibus + transfer). 

As passagens de ônibus comprei pelo site Busbud, pois acabou sendo mais fácil do que comprar separadamente a ida e a volta em duas empresas de ônibus distintas. Para ir de El Calafate a Puerto Natales, fomos pela Turismo Zaahj e, para voltar, pela Bus-Sur (muito melhor em termos de conforto, e eles dão até um café solúvel e uma barrinha de cereal durante a viagem). Mas nesta época a Bus-Sur não fazia o trajeto de ida no dia da semana que gostaríamos, então tivemos que variar. 

A viagem dura no mínimo 5 horas e vai da rodoviária de El Calafate até a rodiviária de Puerto Natales. Há três paradas em cada percurso, uma num posto de gasolina e duas na imigração argentina e chilena. Na ida, ainda temos que descer com as mochilas para passar no Raio-X e um labrador entra dentro do maleiro do ônibus para "revistar" nossa bagagem. Na volta, temos apenas que mostrar nosso passaporte e ganhar um carimbo. Nestes momentos eu fiquei bem feliz por não estar fazendo tudo isso sozinha, a bordo de um carro alugado e sem conhecer o processo. Quando chegamos em Puerto Natales, o transfer estava nos esperando para mais duas horas de viagem de carro até Torres del Paine, na maioria em uma estrada de terra.

Por fim, os passeios... Em Calafate reservei os dois dias pela Patagonia Dreams (que eu encontrei pelo Trip Advisor), um dia para o Glaciar Perito Moreno e o outro para a cidade vizinha El Chaltén. Gostaria de ter ido também em um outro passeio para o Glaciar de Upsala, mas achei que seria "mais do mesmo", pois em Torres del Paine eu iria conhecer outra geleira. Além desses dois passeios, também contratei o transfer do aeroporto ao hotel de El Calafate pela Patagonia Dreams (ida e volta). 

Os passeios de Torres del Paine fiz pela própria agência do Hotel Lago Grey, que oferece várias opções de trilhas light ou mais avançadas, além da navegação pelo Lago Grey, que saem do próprio hotel. Para chegar ao hotel, é necessário comprar o bilhete do Parque Nacional Torres del Paine, que pode ser adquirida antecipadamente pelo site do CONAF por USD 35 ou diretamente na entrada do Parque por USD 40. Claro que eu comprei antes e fui com todo o roteiro super planejado.

Outra opção de passeio bastante típica é o City-tour-de-parque (como denomina Ricardo Freire nesse post), que sai de Puerto Natales e passa por vários mirantes e pontos turísticos do Parque Nacional. Mas, como já estávamos dentro do Parque, este tour também ficará para a próxima viagem que farei para a Patagônia. No verão, claro. 


A viagem

Depois de muita espera e muito planejamento, finalmente chegou o dia da viagem! 

Como o roteiro durou apenas uma semana, praticamente foram dois dias para ida e volta de avião entre São Paulo e El Calafate (Argentina) e mais dois dias para ida e volta de ônibus + transfer entre El Calafate e Torres del Paine (Chile). Os outros três dias foram de passeios, dois em El Calafate e um em Torres del Paine.


Patagônia Argentina

O primeiro passeio começou em grande estilo. O Perito Moreno é sensacional, é um mar de gelo sem fim, que ao mesmo tempo assusta e impressiona. São 30 km de comprimento e de 50 a 70 metros de altura. 

Fizemos a navegação para apreciar a geleira de baixo e depois a caminhada pelas passarelas, para apreciar a geleira de cima. Há também um passeio em que você usa botas de neve e caminha pela geleira, mas não nos interessamos muito. Quem fez, porém, diz que é muito legal e que no final você ainda pode tomar um whisky com gelo retirado "da fonte". 



No segundo dia fomos para El Chaltén, a capital do treking argentino. Há inúmeras opções de trilhas, mas como estávamos fazendo um roteiro express, preferimos uma trilha de 8km (ida e volta) que vai até a Laguna Capri e dura aproximadamente 3 horas. De lá, temos uma vista impressionante dos picos Fitz Roy e Cerro Torre, mas eu diria que a vista é impressionante durante toda a caminhada.



A Patagônia Dreams foi super organizada, os guias eram legais e a turma bem tranquila também. Durante o trajeto, nos dois dias de passeio, pudemos observar ovelhas, guanacos (um tipo de lhama) e choiques (uma ave cinza, tipo um avestruz). Aliás, os guias contaram várias histórias sobre a superpopulação de guanacos que ocorreu por causa da extinção dos pumas: como os pumas atacavam as criações de ovelhas, os fazendeiros começaram a matá-los. Mas como eles eram tanto predadores de ovelhas quanto de guanacos, isso fez com que a região se transformasse na "guanacolandia". 😂 

Também tivemos uma boa amostra do clima patagônico. Apesar de estarmos no outono, já estava bastante frio para o meu padrão (de zero a 5 graus, aproximadamente). O vento sempre esteve presente, o que fazia com que ficasse ainda mais frio. A Patagônia Argentina é uma região bem seca, praticamente desértica, portanto capriche no hidratante e na manteiga de cacau quando for fazer a mala. 

O centrinho de El Calafate também merece várias visitas, e neste ponto o nosso hotel foi super estratégico, pois podíamos fazer tudo a pé. A Avenida del Libertador possui muitos restaurantes, cervejarias e lojinhas de souvenier. Também há diversas lojas de alfajor e de chocolate artesanal que valem a pena uma degustação, além da geleia de calafate, uma frutinha típica da região, que parece um mirtilo e que dá o nome à cidade. 

Quanto aos restaurantes, os que mais gostamos foram La Tablita e La Lechuza, ambos na avenida principal. No La Tablita, provamos o típico cordeiro assado (apesar de morrer de dó de vê-los estirados nas vitrines dos restaurantes) e no La Lechuza comemos uma deliciosa empanada argentina de entrada e uma massa recheada com carne de cordeiro (de novo!) ao molho pesto. Hummmmmm... 


Patagônia Chilena

A Patagônia Chilena possui um clima bem distinto da Patagônia Argentina, pois o lado oeste da Cordilheira dos Andes recebe um pouco mais de umidade do Oceano Pacífico. Sendo assim, a vegetação é mais verde comparada ao lado argentino, que é bem mais seco.  

Em compensação, o vento patagônico é o mesmo tanto na Argentina quanto no Chile! Ele vem do Oceano Pacífico e canaliza pela Cordilheira dos Andes, possibilitando a mesma "experiência" nos dois lados. No dia em que chegamos no Hotel Lago Grey, praticamente nem conseguimos sair ali de dentro, pois o vento chegava a 90 km/h. Nos disseram que no verão ele é ainda mais intenso, mas confesso que cheguei a ficar até com medo de cair uma árvore em cima do nosso teto, de tão forte que estava. 

Por causa desse vento, nossa navegação pelo Lago Grey ficou em risco, e só no horário da saída o comandante deu a aprovação de que era seguro. Mas não pudemos ficar do lado de fora do barco durante a navegação, somente quando estávamos parados ou navegando lentamente perto das geleiras pudemos sair, e mesmo assim achei que eu sairia voando de tão forte que estava o vento! 

A vista do Glaciar Grey também impressiona. O barco passa pelas 3 "línguas" de gelo, que escorrem entre as montanhas. Mesmo assim, esta geleira é um pouco menor que o Perito Moreno, possuindo 15 km de comprimento. O passeio dura em torno de 3 horas, e para chegar ao local de onde sai o barco, é preciso caminhar meia hora pela areia, sempre com muito vento. 



O Hotel Lago Grey fica bem de frente para o Lago Grey, e do restaurante podemos avistar o barco atracado e uma das línguas da geleira de longe. Quando o tempo está bom, também vemos os picos em formato de chifre chamados Cuernos del Paine. Já as três torres pontudas de granito só podem ser visualizadas do outro lado, através de trilhas ou do city tour de parque. 

No período da tarde, fizemos uma trilha leve, de 4 km (ida e volta) chamada Sendero Misceláneo. Este passeio também sai do hotel e no caminho tem até um lanchinho de queijos e frutas, enquanto apreciamos a vista lá de cima.  



No dia seguinte, já era hora de partir para El Calafate e depois para o Brasil... e apesar do frio e do vento, a Patagônia é um lugar que merece uma visita, principalmente para quem curte natureza. As paisagens são lindas, tanto do lado argentino quanto do lado chileno, a água dos lagos é muito azul (principalmente quando tem sol) e as geleiras são a cerejinha do bolo, algo único da região.   

sábado, 16 de abril de 2022

Mendoza além das vinícolas

Nem só de vinhos vive Mendoza. A região possui várias opções para quem gosta de aventuras. Há opções de cavalgadas, rafting, e muitos outros passeios na cordilheira dos Andes. Aliás, descobrimos que nesta região existem 3 faixas de montanhas: a Pré-Cordilheira, com as montanhas mais baixas; a Cordilheira Frontal, onde fica o Cerro Plata e o vulcão Tupungato; e a Cordilheira Principal, que é o limite com o Chile. É lá que está o Aconcágua, a montanha mais alta da América, com seus 6.962m de altura.  

Fizemos dois passeios na cordilheira. No primeiro dia, uma trilha até o acampamento Las Veguitas, que é o primeiro ponto de parada para quem vai escalar o Cerro Plata e outras montanhas da região. O nome é dado pela vegetação local, um tipo de graminha úmida margeando o rio que desce do degelo das montanhas. A paisagem é linda, apesar de desértica, como toda a região. Vimos muitas vaquinhas peludas (fato que me fez chamar a trilha de Las Vaquitas), cavalos e guanacos durante a caminhada. Foram 2h de subida a 3.200m de altura, o que nos fez perder o fôlego diversas vezes durante a caminhada e ficar alguns dias com a panturrilha queimando. Mas valeu muito a pena esta experiência! Saímos de lá com vontade de escalar montanhas ainda mais altas.  

Las Veguitas

Contratamos esta trilha com a agência Outdoor Frontier Tours que, além deste, oferece muitos outros passeios de aventura pela cordilheira. Fomos em um carro particular apenas com a guia. O almoço, com sanduíche e suco incluído no pacote, foi no ponto máximo da nossa subida, com uma vista espetacular (e um vento cortante também). Da próxima vez, nossa meta será o Cordón del Plata, uma caminhada de um dia inteiro que sobe os picos Andresito (3.150m), Arenales (3.400m) e Lomas Blancas (3.650m).

O segundo dia foi bem mais light. Fizemos a Experiência Aconcágua, no estilo excursão, com a agência Kahuak. Fomos de micro-ônibus, com uma turma não muito grande, mas que de qualquer forma nos obrigou a passar por todos os hotéis para buscar os passageiros. Fora esse inconveniente já esperado, a agência foi bastante organizada e pontual. 

A primeira parada do passeio é no Dique Potrerillos, um oásis no meio do deserto que representa a principal fonte de água e de energia da região. Prepare a sua câmera na saída do túnel que dá acesso ao dique, pois o impacto é espetacular. Caso você voe para Santiago, no Chile, é o único pedaço de água que você consegue enxergar do avião. Lindo, tanto visto de cima quanto de baixo. 


O ápice do passeio é realmente a parada no Parque Provincial Aconcágua. A caminhada é bem leve e praticamente plana (apesar de estarmos a 3000m de altura, o que cansa bem mais do que no nível do mar) e inclui diversas paradas para explicações sobre a geologia e a história do local. Da mesma forma, o lanche também foi oferecido pela agência, e comemos com vista para o majestoso Aconcágua. Por fim, paramos na Laguna de Horcones, a única que fica cheia em todas as estações do ano. 

Aconcágua

A última parada, já no caminho de volta, é na Puente del Inca, muito mais bonita ao vivo do que nas fotos que eu tinha visto antes da viagem. A ponte natural já não é mais acessível, depois que uma avalanche destruiu o famoso hotel que funcionava ali até meados do século passado (e manteve a igrejinha intacta!).

Puente del Inca

Nós ficamos maravilhados com as paisagens desse passeio e eu simplesmente não conseguia parar de tirar fotos (principalmente do Aconcágua!). Apesar do bom tempo, a montanha continua coberta de gelo durante todo o ano, e o vento lá em cima também é bem forte. Portanto, mesmo que você for no verão, leve uma jaqueta corta-vento, protetor solar e labial caso queira subir em alguma montanha dos Andes.  

Ao final, concluímos que o mês de abril é uma das melhores épocas para conhecer Mendoza. A probabilidade de chuva durante sua viagem é bem remota, as árvores já estão começando a mostrar a coloração do outono, numa linda combinação de tons de verde e amarelo que, ao se integrar com a cor natural das montanhas, é um espetáculo à parte para nossos olhos. Viva a natureza!

sexta-feira, 15 de abril de 2022

Mendoza Bodegueando

Tudo o que eu li sobre Mendoza antes de ir foi no blog Viaje na Viagem, de Roberto Freire. O post sobre Mendoza tem absolutamente TUDO o que você precisa saber sobre as vinícolas e os demais passeios. 

Há três regiões de vinhos, cada uma delas con muitas vinícolas (ou bodegas, en español): Valle del Uco, Lujan del Cuyo e Maipu. O blog também explica sobre as três formas de chegar lá: de ônibus, com uma agência ou contratando um remis, um tipo de carro “fretado” em que você paga um valor fixo para ele te levar onde quiser. A desvantagem dessa opção é que você tem que fazer as reservas diretamente nas bodegas que quiser visitar. 

Outra dica do blog é não ir de táxi nem alugar carro para ir nas bodegas. O primeiro, porque provavelmente vai custar mais caro que o remis, os táxis são bem velhos e nem sempre são seguros (o único que peguei lá nem tinha cinto de segurança no banco de trás). Quanto a alugar um carro, nem consigo imaginar ter que dirigir depois de degustar tantos vinhos por dia! Também vimos vários passeios de bicicleta para as bodegas mas, da mesma forma, achamos prudente não dirigir nenhum tipo de veículo depois do vinho, mesmo não sendo motorizado. Sendo assim, seguimos sua sugestão e experimentamos as duas primeiras alternativas. 


Day 1

No primeiro dia, fomos ao Valle del Uco com o Bus Vitivinicola, que é a opção mais barata para chegar nas vinícolas, no esquema Hop On Hop Off “Bodegueando”. Tem aquela parte chata de ter que passar por vários hotéis para buscar as pessoas, mas de modo geral é bastante pontual e organizado. Você reserva o ônibus pelo site e paga as bodegas diretamente lá, de acordo com a opção que escolher. A vantagem é que você tem lugar garantido e não precisa fazer a reserva nas vinícolas. 

Neste dia, conhecemos a Andeluna, a Domaine Bousquet e a famosa Salentein. Todas são lindas, cada uma com um estilo diferente.

A Andeluna não estava permitindo visita quando fomos, portanto só fizemos a degustação, ao lado dos vinhedos e com uma incrível vista para a cordilheira dos Andes. 

Andeluna

O almoço foi na Domaine Bousquet, uma sequência deliciosa de 4 pratos (couvert, entrada, prato principal e sobremesa), incluindo a degustação de 3 vinhos. Foi praticamente uma orgia gastronômica e etílica! Saímos de lá literalmente empanturrados de tanto comer e beber.

Domaine Bousquet

Já na Salentein, fizemos a visita com degustação, servida em um anfiteatro com pé direito alto e muitos barris de vinho no entorno. Quem souber tocar, pode dar uma palhinha no piano de cauda que tem lá embaixo, e eles prometem que a acústica é privilegiada. 

Salentein

Day 2

No segundo dia, fomos para Luján de Cuyo com a agência de turismo Kahuak. É uma agência bem grande de Mendoza que, além dos tours de vinhos, também possui diversos outros passeios. Gostei bastante do atendimento via whatsapp antes da viagem e também dos passeios e guias. 

Neste dia, visitamos e degustamos as bodegas Norton e Chandon.

A Norton é imensa! Eles fabricam 40MM de litros de vinho por ano (depois ficamos fazendo as contas para ver quantas garrafas dava por dia). O tour foi o mais interessante de todos, e a degustação acontece em várias salas diferentes durante o tour. Bem legal ver a diferença de uma vinícola maior para uma menor. Aprendi muito sobre o processo de fabricação do vinho nessa visita. 

Norton

A Chandon também tem um jardim maravilhoso, e fizemos a visita com degustação de 3 espumantes. Achei interessante ver a diferença entre o processo de fabricação do vinho e do espumante. 

Chandon

Day 3

Neste dia, visitamos a região de Maipu com a agência Outoor Frontier Tours. Eles são bem menores que a Kahuak e mais especializados em turismo de montanha, mas também oferecem a opção de passeios pelas bodegas. 

As escolhidas do dia foram a vinícola Trapiche, a olivícola Laur e a chiquérrima El Enemigo.    

Trapiche

A Trapiche é maravilhosa... super tradicional, com uma visita bem interessante em um prédio super histórico. O jardim é maravilhoso, com patos, cabras e até uma llama passeando por ali. Mas a visita costuma demorar bem mais que o previsto, e tivemos que sair correndo antes de terminar a degustação para chegar no horário do próximo agendamento, a olivícola Laur.

Degustação de azeites e balsâmicos na Laur

Simplesmente adoramos esta visita! Além de degustar os azeites, azeitonas e vinagres balsâmicos produzidos por eles, foi a única degustação que tinha também um aperitivo com pães e queijos, e vinho. Foi super diferente aprender sobre estes processos, passear pelas oliveiras e visitar o museu. Ao final, compramos muita coisa, inclusive sabonetes e cremes de uvas e olivas que eles vendem. 

Depois desse aperitivo ainda fomos para o almoço na Casa Vigil, o restaurante da bodega El EnemigoNão há visita nesta vinícola, mas o ambiente compensa... com muitos lugares para caminhar e tirar fotos. A comida é deliciosa e digna de várias estrelas Michelin. Os vinhos que a acompanham são espetaculares, e os garçons super atenciosos.   

Casa Vigil

Não consigo escolher uma vinícola de que gostei mais, todas são lindas e diferentes entre si. Eu diria que, das que eu fui, as imperdíveis são Salentein, Trapiche e Norton. E a olivícola Laur, que é uma experiência diferente das vinícolas. A Catena Zapata e La Azul também são super famosas. 

Na minha opinião, a melhor forma é conhecer duas vinícolas da mesma região por dia, uma de manhã e uma à tarde. Assim não ficamos naquela correria, com a sensação de que queríamos ter passado mais tempo lá. 

E, depois de tanto comer e beber em Mendoza, chegou a hora de caminhar um pouco nas montanhas para gastar as calorias! Vejam o post Mendoza além das vinícolas para saber mais sobre os passeios que fiz por lá!

quinta-feira, 14 de abril de 2022

Love Mendoza

Mendoza é daqueles lugares que você quer ir várias vezes na vida, para aproveitar cada vez uma experiência diferente. Mas, como eu estava indo pela primeira vez, preferi desfrutar um pouquinho de cada coisa e fazer um passeio bem diversificado, conhecendo a cidade, as vinícolas e os passeios ao redor. 

Também preferi ficar em um hotel na cidade, e não em uma vinícola, assim podia sair para jantar nas ruas repletas de bares e restaurantes. A melhor região é perto da Plaza Independencia, de preferência no quadrilátero entre as quatro outras praças que a rodeiam: España, Italia, Chile e San Martin. É bem tranquilo e seguro caminhar por ali à noite.

A primeira impressão da cidade é a que fica. Mendoza é muito arborizada e tem muitas praças e parques. Não deixe de ir ao Parque San Martín e ao Cerro de la Gloria, um morro que fica dentro do parque. Apesar de não ser muito alto, possui uma vista bem legal da cidade. O parque é enorme e a parte mais bonita fica em volta do lago. No portão de entrada, tem um balcão de informações onde você pode pegar um mapa. Nós não nos planejamos muito e resolvemos ir a pé até o morro... andamos, andamos, andamos muito até chegar lá... e depois ainda tivemos que subir! A subida é curta, mas bem íngreme. 

Vista do Cerro de la Gloria

Você também pode ir até lá com o Mendoza City Tour, um ônibus turístico no esquema Hop-on Hop-off. Ele sai da Plaza Independencia e passa por vários outros pontos da cidade. Dá pra comprar o ticket e ver o roteiro através do site. 

Quanto às quatro principais praças, a España é a mais bonita. Elas foram construídas depois do terremoto de 1861, que destruiu a cidade e reduziu a população quase pela metade. Depois da sua reconstrução, eles adotaram a obrigatoriedade de haver pelo menos uma praça com fonte por bairro, para que os moradores pudessem se encontrar e ter acesso à água, na eventualidade de um novo terremoto. Felizmente, até hoje os terremotos na cidade após esta data não foram tão devastadores quanto aquele.  

Plaza España

Outra particularidade de Mendoza são os buracos na calçada (chamados acequias, em espanhol), que servem tanto para irrigar as árvores da cidade, quanto para escoar a água que vem do degelo das montanhas dos Andes. Nosso guia disse que os cidadãos caem pelo menos uma vez na vida em um desses buracos. Achei super perigoso e imaginei muitos turistas distraídos se machucando depois de tomar tanto vinho! 

Acequias

Mendoza está em pleno deserto, por isso o clima é realmente muito seco. A vantagem é que você provavelmente irá pegar um tempo bom quando estiver lá (não vá em fevereiro, quando chove torrencialmente). A desvantagem é que você sente o clima na pele. A boca, o nariz e todo o corpo ficam super secos, portanto leve protetor labial, soro fisiológico e muito hidratante.    

Quanto à comida, Mendoza tem muitos bons restaurantes, mas o que eu mais gostei (e que foi super especial por eu ter ido no dia do meu aniversário) foi o Magnolia. Linda decoração e comida deliciosa. Se você enjoar de vinho, também pode experimentar a Cervejaria Chachingo, com várias opções de chopps e um cardápio bem diversificado. 

Ambos ficam na Calle Aristides Villanueva, uma rua lotada de bares e restaurantes pra você escolher um por dia. Na Calle Sarmiento, que fica a poucas quadras dali, também há vários restaurantes, como os famosos Azafrán e El Asadito, que acabamos nem conseguindo ir. Entre as duas ruas, a Avenida Belgrano também possui algumas opções. E na Plaza Italia, vá ao Fuente y Fonda, com comida argentina em um clima bem caseiro. Todos eles em walking distance.

Uma coisa eu garanto... você irá amar Mendoza! Independente do seu estilo de viagem, com certeza irá encontrar uma boa programação para os seus dias de viagem. Você pode ir pra lá só para comer e beber, para fazer passeios na cidade e na região, para fazer passeios de aventura ou até para subir o Aconcágua, a montanha mais alta da América. Veja os passeios que escolhi nos posts Mendoza Bodegueando e Mendoza além das vinícolas e divirta-se!

quarta-feira, 31 de março de 2021

Solo Travel

Mais uma vez fui inspirada pelo Zero to Travel Podcast, que publicou um episódio chamado Joys of Solo Travel, ou na tradução literal, a alegria de viajar sozinho. E claro, não poderia deixar de pensar nas minhas próprias viagens "solo"... 

Meus pais nunca foram de viajar muito, então tive que aprender a viajar sozinha desde cedo. Me lembro de ter viajado apenas duas vezes em família, para Caraguatatuba, aos 2 anos de idade, que foi a primeira vez em que fui à praia, e para a ilha de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, já na adolescência. Todas as outras viagens foram com minhas irmãs, com amigos ou com a família das minhas amigas de infância. Apesar de não ter herdado o gene das viagens dos meus pais, fui picada pelo "bichinho" desde cedo. Sempre gostei de mapas e de imaginar como seriam todos aqueles países... Não me lembro de ter tido medo em nenhuma das vezes. Acho que minha vontade de conhecer os lugares sempre foi tão grande que eu nem pensava no que poderia acontecer! 

Não sei dizer exatamente qual foi a primeira viagem que fiz sozinha sozinha. Me lembro de ter ido de vela com a minha irmã mais velha em sua viagem de lua de mel, quando tinha apenas 7 anos de idade. Fomos para Vila Velha, no Paraná, e para algumas praias em Santa Catarina, como Camboriú e Bombinhas. Minha outra irmã também me levou, aos 9 anos de idade, para conhecer o Rio de Janeiro, que era meu sonho de infância. Fomos de ônibus, sem lugar pra ficar e sem documento, e tive que chorar para o policial do juizado de menores me liberar. Mas... nos anos 90, tudo isso era permitido! 

Também nos anos 90, quando eu tinha apenas 16 anos, fui novamente para a ilha de São Francisco do Sul passar as férias com uma amiga que tinha conhecido no ano anterior, quando fui pra lá com a minha família. Nos correspondemos por carta durante um ano (sim, daquelas que eram enviadas via Correios, em que a gente lambia o selo e o envelope...) e no verão seguinte ela me convidou para ficar na casa dela. Fui de ônibus sozinha até a casa da minha irmã em Curitiba, de lá peguei outro ônibus direto para a ilha. Da rodoviária local, andei mais meia hora com a mala pesada até chegar na casa dela que, em uma era anterior ao Google Maps, só poderia ser encontrada perguntando aos poucos pedestres que passavam pela rua às 6h da manhã, horário em que havia chegado. 

Foi durante essa mesma viagem que meu terceiro sobrinho nasceu, prematuro de 7 meses. A casa não tinha telefone, o celular ainda não existia, então minha mãe ligou para um vizinho e deixou o recado de que eu havia sido tia novamente. Preocupada, enfrentei uma fila de mais de 1h para conseguir ligar para casa de um orelhão. Ah... como a tecnologia deixa as viagens bem mais simples hoje em dia! Sinceramente, nem sei como eu tinha coragem de encarar tudo isso com aquela idade e sem os recursos que temos hoje em dia. 

Voltando às viagens... Logo veio a fase dos intercâmbios. Desde pequena, comecei a estudar Inglês e Espanhol, e sonhava em viajar para ficar fluente nesses idiomas. Meu desejo se tornou realidade quando uma família americana me convidou para passar um ano na casa deles, aos 17 anos. Foi a primeira vez na vida em que viajei de avião. Sozinha, até Seattle, com conexão em Los Angeles. Depois que quebrei essa barreira, tudo se tornou mais fácil. Morei mais duas vezes no exterior, as duas na Espanha. A primeira, para fazer um estágio quando terminei a faculdade, e a segunda, para fazer um MBA posteriormente. Mas, nessa época, eu já era uma viajante experiente... 

Mas a primeira vez que viajei solo mesmo, foi quando fui de férias para a Argentina. Aproveitei que tinha uma amiga morando em Buenos Aires, passei uma semana na casa dela e depois fiquei mais uma semana em Bariloche, em um hostel. Bem diferente das típicas viagens de brasileiros, que vão a esse destino para esquiar, com um pacote fechado de uma agência de viagens e dormindo em um hotel confortável. Foi uma viagem espetacular! Conheci muitos argentinos e israelenses no hostel, fiz o maior sucesso com as minhas botas de cano alto em um pub onde ia diariamente, fiz passeios fora da rota dos mauricinhos e patricinhas do Brasil e me diverti muito, mas muito mesmo! Andei a cavalo, de bicicleta, moto de neve, teleférico, quadriciclo... Tudo menos de esqui! 

Outra viagem que fiz sozinha e que me marcou bastante foi para o Canadá, já em 2016. Essa era uma viagem que estava planejada desde a época do meu intercâmbio, pois a cidade em que morei nos EUA ficava a 2h de Vancouver. Aproveitei para visitar a minha família americana, de lá fui para Vancouver (de carro) e depois para a costa leste do Canadá (de avião), para conhecer Montreal, Quebec e Toronto. Foi nessa viagem que cheguei a uma das conclusões que tenho sobre viajar sozinha. Mesmo quando você viaja sozinha, nunca está sozinha. Depois de planejar minha viagem, descobri que tinha amigos em todas as cidades que iria visitar. Além dos amigos que fiz no albergue, nos passeios, e os amigos dos amigos que me levaram para passear sem nem sequer me conhecer. Quando você começa a viajar com frequência, tem amigos em todo o mundo, e cada viagem é um pretexto para encontrá-los. 

Mas não é para qualquer destino que gosto de viajar sozinha. Eu não iria para a Disney sozinha, por exemplo. Acho que esse seria um lugar que eu iria querer compartilhar minha diversão com alguém. Por este motivo, acabei não indo até hoje, pois nunca deu certo de alguém querer ir para lá na mesma época que eu. Os Estados Unidos, com exceção de Nova York, não é um país que curto visitar sozinha. Tudo é longe, dependemos muito do carro, e os hostels não são tão populares. A Europa, em compensação, é o melhor destino para as viagens solo. Os hostels são excelentes, os países são seguros, todos os passeios são feitos a pé ou de transporte público e o trajeto entre as cidades pode ser feito de trem. Além de tudo isso, as cidades contam com uma ótima infraestrutura de turismo, com escritórios gratuitos, mapas e dicas, inclusive nos hostels, dispensando qualquer guia ou pacote de viagens. 

Às vezes me perguntam por que (e como) eu gosto de viajar sozinha. Acho que tudo começou com a vontade de não precisar depender de ninguém, com não querer perder uma oportunidade de viajar. Adoro viajar com minhas amigas, e tenho ótimas companhias com quem sempre viajo. Mas nem sempre conseguimos conciliar as datas das férias, ou nem sempre elas querem ir para os mesmos destinos que eu. E não é porque ninguém pode ir comigo que vou deixar de ir para onde tenho vontade, certo? Além disso, muitas vezes combinei viagens de trabalho com viagens de lazer, ou visitas a amigos com outras viagens a lugares próximos, sozinha. Sempre tem um pretexto, uma oportunidade. 

E a maior vantagem de viajar sozinha é poder decidir tudo na hora, sem precisar fazer muitos planos, pois você não precisa de mais ninguém pra participar da decisão. Sempre fui uma pessoa planejada, mas quando viajo sozinha, prefiro definir o roteiro no local, depois de conversar com as pessoas de lá, ou ainda aproveitar para acompanhar os planos de alguém que acabei de conhecer. E essa conexão com as pessoas é o maior trunfo das viagens solo. Quando estamos sozinhos, estamos muito mais abertos a conhecer gente nova, sejam os locais ou demais turistas. Adoro conversar com as pessoas, saber suas histórias, suas preferências de passeios. E falar outros idiomas também facilita muito esta interação. 

Se tem desvantagens? Tem algumas sim. No meu caso, sinto muita falta de conversar com alguém quando estou comendo em um restaurante, por exemplo. Ainda acho meio deprimente sentar em uma mesa sozinha, sem ter com quem compartilhar a comida e as impressões da viagem. Mas, hoje em dia, podemos nos divertir com o Wi-fi do restaurante e contar com a companhia virtual dos amigos que estão longe. Outro momento em que dá saudade de ter uma companhia é quando acontecem os perrengues e você não tem mais ninguém pra te ajudar a sair daquilo. Às vezes, dá até vontade de chorar, e tudo o que você quer naquele momento é o colo da sua mãe e uma cama quentinha. 

Então, pra terminar esse textão, deixo aqui a minha receita para viagem solo:
  1. Fique em um hostel. Este é o melhor lugar para conhecer pessoas e não ficar sozinha durante todo o tempo. Se você não curte ficar em quartos compartilhados, muitos hostels possuem quartos individuais com banheiro, por um preço bem mais barato que os hotéis. Na Europa, o site Famous Hostels (famoushostels.com) possui apenas um hostel por cidade, e é um tiro certeiro. Já fiquei em vários e foram os melhores em que já estive.  
  2. Converse com as pessoas. Pode ser o garçom, o recepcionista do hostel, ou os turistas que você encontrou em um passeio... esteja sempre aberto para as novas amizades. Fale sobre os pontos turísticos que você quer conhecer, conte sobre o seu país, conheça a cultura dele, as viagens que ele já fez. Cada vez que converso com alguém sinto que meu mundo se amplia de alguma forma.  
  3. Esteja seguro. Tenha acesso à internet (pode ser apenas o Wi-Fi do hostel e dos restaurantes, ou se necessário, compre um chip de dados local). Leve um cartão de crédito para emergências. Avise sua família onde você está. Pergunte no hostel sobre os horários em que é seguro caminhar pelas ruas ou pegar transporte público. Tenha sempre um mapa acessível (em papel ou baixado no celular). Cuide dos seus documentos e do seu dinheiro. 
  4. Compartilhe sua viagem. Pode ser um diário, uma mensagem para os amigos, um post, story ou live. Inclusive este blog surgiu quando resolvi compartilhar o diário que escrevi durante minha viagem à Itália! Além de se sentir próximo dos amigos, vai ajudar a superar os momentos em que se sentir sozinho. 
  5. Planeje, pero no mucho. É importante pesquisar sobre o lugar que você vai, até para definir quantos dias quer ficar em cada destino e para identificar os passeios que você não pode perder de jeito nenhum. Mas reserve um tempo livre para decidir na hora. Sinta o lugar e deixe que ele te leve para onde você estiver a fim naquele momento. 
  6. Aproveite a cultura local. Experimente as comidas típicas, faça um pouco de tudo o que o lugar tem a oferecer. Ande de transporte público, vá em um restaurante famoso, assista a um espetáculo de música, visite um museu. Conheça a praia, o centro histórico, a natureza, o mercado. Compre um souvenier, uma roupa ou peça de decoração para lembrar do lugar. Assim você vai ter uma experiência completa e poder dizer que realmente conheceu o lugar.    
  7. E... por fim, tire muitas selfies! Na minha opinião, as selfies foram inventadas por quem viaja sozinho. Eu tirava selfie desde quando ainda não existia câmera no celular, e eu virava a câmera sem saber o que iria sair. A foto abaixo é um desses exemplos, e a parte do rosto cortada é o seu maior charme...


quinta-feira, 4 de março de 2021

Conexão com os locais

Faz tempo que não passo por aqui! 

Mas esses dias descobri um podcast de viagem chamado The Thoughtful Travel Podcast, e o primeiro episódio que ouvi falava sobre as experiências com os habitantes locais dos lugares que visitamos. O episódio conta histórias incríveis de amizade, de admiração e de conexão com as pessoas. E claro que ouvindo isso eu também me lembrei de algumas experiências marcantes que tive com os locais durante as minhas viagens. 

Adoro conversar com as pessoas! Então para mim, me conectar com os locais faz parte da minha rotina turística. Taxistas, recepcionistas do hotel, garçons, guias de viagem... todos eles têm muitas coisas para contar, e além de conhecer mais sobre a cultura do lugar, também fico sabendo sobre as histórias de vida dessas pessoas, que são sempre interessantes. 

Me lembro muito bem quando fui para Isla Margarita, na Venezuela, e o nosso guia nos contava sobre como o Chavez acabou com o turismo daquela ilha, fazendo com que companhias aéreas cancelassem seus voos diários, hotéis fechassem as portas e empresários como ele desistissem dos seus negócios. Ou ainda, quando fui a Buenos Aires e aprendi sobre a nova cobrança de energia elétrica implantada por Macri, logo quando ele assumiu a presidência. Antes do seu governo, os argentinos pagavam uma taxa de energia irrisória, que ocasionou diversos rombos na economia. Por isso, eles nem consideravam a cobrança adicional como injusta, e sim como uma taxa devida pela população. 

Diversas vezes visitei um país durante suas eleições presidenciais, o que, para o turismo, não é tão interessante, pois todos os lugares ficam fechados, e ainda por cima tem lei seca. Foi assim quando fui para o Uruguai em 2009, na eleição de Mujica, e também para o Chile em 2017, no primeiro turno das eleições que posteriormente colocaram Sebastián Piñera no poder, após o governo da socialista Michelle Bachelet. Ah, e eu sempre perguntava a todos com quem conversava em quem eles iriam votar, para conhecer os diferentes pontos de vista da população.

Mas não é só por política e economia local que eu me interesso. As histórias das pessoas são sempre as mais interessantes! Pergunto se elas sempre viveram naquele lugar, de onde elas vieram ou quanto tempo faz que trabalham com aquilo... quero saber se aquele é um bom lugar para se morar e se a qualidade de vida é boa... Alguns me contam até quanto ganham, embora eu nunca tenha feito essa pergunta diretamente. 

Ouvi muitas histórias de gente que deixou a família do outro lado do país (ou do mundo) para tentar uma vida melhor. Em Porto de Galinhas, por exemplo, o dono da pousada era um paulistano que, após cansar de viver estressado trabalhando no mercado financeiro, decidiu repentinamente se mudar com a família para lá, sem muito planejamento... ou os jovens habitantes de São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte, que saíram de São Paulo, Minas ou Paraná para aproveitar as oportunidades daquela cidade, seja como médicos, arquitetos ou engenheiros trabalhando com energia eólica. 

Essa viagem foi um capítulo à parte... Eu e minha amiga ficamos em uma pousada do irmão da amiga da prima, sabe? Ele era um ex-bancário curitibano, que largou seu emprego estável em uma cidade grande após passar férias lá e se encantar com o local. Plantou melão, abriu um bar e uma pousada e foi ficando... Nos levou a várias festas durante nossa estada e nos apresentou aos seus amigos, todos com alguma história bem parecida. Ficamos impressionadas com o quanto aquelas pessoas amavam a cidade, com apenas 10 mil habitantes. Inclusive, a taxa de crescimento demográfico de Gostoso é uma das maiores do Brasil. Depois de uma semana já éramos conhecidas em toda a cidade e estávamos nos sentindo locais! E claro, com vontade de largar tudo para ir morar lá também.  

Outra história que me marcou muito foi em um passeio de boia-cross que fiz nos Lençóis Maranhenses. Eu e uma outra amiga íamos deitadas na boia, mas como a correnteza não estava tão forte e o rio era raso, dois meninos nos acompanhavam durante o passeio, andando dentro do rio e empurrando nossas boias, para que elas fossem orientadas rio abaixo ao invés de encalhar no barranco. Fiquei morrendo de dó daquele trabalho, porém conversando com eles, percebi que eram muito felizes com o que faziam. Durante o passeio, vimos várias lavadeiras lavando suas roupas no mesmo rio que nos levava, cercadas de suas crianças, que vibravam e nos davam "tchau" enquanto passeávamos tranquilas.

Os meninos também nos contaram que havia sido seu irmão quem inventou aquele passeio. Ele era um professor da escola da cidade, e mesmo sendo deficiente físico, era uma das poucas pessoas com mais alto grau de estudo daquela região. Fiquei encantada com aquele estudioso e empresário visionário que, mesmo sem muitos recursos, conseguia se motivar e passar muitas coisas interessantes para a população. Definitivamente este passeio mudou meu olhar para a vida!

E eu poderia me lembrar de muitas outras histórias que vivi durante minhas viagens, que me aproximaram da cultura local. Sempre acho todas elas super interessantes e que aumentam minha bagagem com algo que o dinheiro não compra e que os blogueiros de viagem não contam. Para mim, essas são as melhores lembranças das minhas viagens!

domingo, 16 de dezembro de 2018

Última parada: Sydney

Sydney é daquelas cidades onde eu moraria facilmente. Aliás, acho que eu moraria em qualquer cidade da Austrália. Também amei Melbourne e Brisbane. Mas em Sydney me deu aquele tchan, sabe? Assim como já senti também em Toronto, em NY e em Madrid... 

Desta vez, pelo menos eu não tive apenas um dia para conhecer a cidade inteira. Fiquei 3 dias na cidade mais famosa da Austrália que, ao contrário do que todo mundo pensa, não é a capital do país (e sim Camberra, apenas a oitava mais populosa). 

No primeiro dia, eu estava sozinha e saí para conhecer os principais pontos turísticos da cidade. Comecei pela Sydney Harbour Bridge, que ficava perto do meu hostel (o Sydney Harbour YHA). A ponte liga o centro de Sydney a um bairro ao norte, com lindas casas e edifícios residenciais. É possível cruzar a ponte a pé ou de carro, e eu caminhei até metade para poder ver a cidade de vários ângulos diferentes. Também fiquei morrendo de vontade de fazer um passeio chamado Bridge Climb, em que você sobe a ponte até o topo pelas suas escadas. Mas o medo (e o preço) me fizeram desistir rapidamente. 

Caminhada pela Sydney Harbour Bridge

Dali fui para o Sydney Observatory e para o Bangaroo Reserve, que nos dão lindas vistas para a ponte. 

Vista da Sydney Harbour Bridge 

O próximo passo foi atravessar o centro histórico com destino à Opera House, o cartão postal de Sydney e onde todos os anos vemos a queima de fogos antecipada, quando já é Ano Novo na Austrália, mas aqui no Brasil ainda estamos no Ano Velho. 

O tamanho do edifício e a arquitetura impressionam. A Opera possui infinitas salas de concerto e de teatro, e também fiquei na vontade de fazer a visita guiada, ou até mesmo assistir a algum espetáculo que estava passando ali. Me contentei com a volta pelo lado de fora, que já foi deslumbrante, incluindo um show de luzes de tirar o fôlego que é apresentado nas suas paredes externas (ou conchas, como são chamadas), e que assisti sentada em uma das escadarias.


Mas só o lado de fora já é uma delícia. Há inúmeros restaurantes e cafés por ali, e milhares de pessoas, principalmente turistas. Eu literalmente fui atropelada por uma chinesa, que passou por mim como se eu nem existisse.    

Sydney Opera House

Saindo dali, fui para o Royal Botanic Garden, um parque gigante e maravilhoso que, mais uma vez, nos brinda com uma vista da Opera de outro ângulo. Um ótimo lugar para dar aquela relaxada e descansar as pernas depois de tanto andar... 

Depois dessa paradinha básica, ainda andei mais um pouco até o Chinese Garden, um parque lindo, com muito verde e arquitetura características. Quem foi que disse que eu não iria conhecer a cidade inteira em um dia?  

No dia seguinte, minha amiga Didi me fez companhia novamente, e partimos rumo a Manly Beach. Para chegar lá, pegamos uma balsa na Circular Quay, o terminal náutico que fica entre a Harbour Bridge e a Opera House. Novos ângulos diferentes desses dois pontos turísticos, para tirarmos milhares de fotos!

Manly Beach é uma praia bem bonitinha onde moram milhares de brasileiros que querem fugir dos altos preços de Sydney. Ficamos só passeando e nem entramos no mar, mas da próxima vez que eu for à Austrália, quero só aproveitar as praias...

De lá fomos para Coogee, com o objetivo de fazer uma caminhada até Bondi Beach, em uma estrada linda onde até um cemitério é um cenário fotográfico. Porém, quase no final do trajeto, fomos surpreendidas por uma chuva de verão, e acabamos fazendo o último trecho de ônibus. 

O último passeio (e o mais emocionante de Sydney) foi o Taronga Zoo, um zoológico com os bichos mais estranhos do mundo. Mais cangurus e coalas, demônios da Tasmânia e outros animais que eu nem sabia que existiam. Novamente eu fiquei doida e não queria mais sair de lá. Parecia uma criança tirando milhares de fotos de todos os bichos!

Foi ali também que "nasceu" o Sexy Coala, uma interpretação da Didi com um fantoche de pelúcia na lojinha do zoo, que nos rende muitas risadas até hoje. Ainda bem que está gravado para podermos relembrar esses momentos! 

Um super obrigada às minhas amigas Didi, Carol e Bruna, que me deram um motivo para ir para a Austrália e fizeram a minha viagem inesquecível! 💓  

Austrália, sua linda... I will be back!