segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Buenos Aires Diferente

Buenos Aires é a cidade no exterior mais visitada pelos brasileiros. Apesar de sermos eternos rivais dos nossos “hermanos”, a cidade é o destino preferido pra quem quer dar uma esticadinha em um feriado ou sair do Brasil pela primeira vez, seja pela proximidade, pelo idioma ou pelo preço.

Já fui a Buenos Aires duas vezes e achei a cidade simplesmente linda. A arquitetura é antiga, há passeios diversificados, bons restaurantes e ótimas opções de compras. É uma cidade bastante segura, e provavelmente você nunca irá ser abordado com uma arma, mas mesmo assim fique de olho nos pertences, pois os “batedores de carteira” são bastante rápidos e você só irá perceber que ficou sem sua carteira quando precisar usá-la.


Além disso, Buenos Aires está bem barata para os brasileiros. O peso vale em média R$0,50 e o preço das roupas, cosméticos ou restaurantes é aproximadamente o mesmo, fazendo com que tudo custe a metade do preço do Brasil após a conversão. Os meios de transporte também são muito baratos, o bilhete de ônibus ou metrô custa aproximadamente R$1 e com R$20 você consegue cruzar a cidade de taxi.

O roteiro turístico típico inclui a Casa Rosada, sede do Poder Executivo Argentino, e a Catedral Metropolitana, que se encontram na Plaza de Mayo; o Caminito, uma rua colorida e cheia de turistas no bairro La Boca, onde vários insistentes irão te oferecer para almoçar em um dos restaurantes e assistir a um show de tango no meio da rua; e o Obelisco, que fica na Avenida 9 da Julio, e que os argentinos dizem ser a avenida mais larga do mundo!

Caso queira fugir um pouco dos turistas e não precisar entrar em um ônibus com visita guiada, a opção é fazer este passeio de bicicleta. Escolhi o passeio Buenos Aires Diferente da Bike Tours (www.biketours.com.ar) e simplesmente adorei! A cidade é plana e eles possuem roteiros bem legais em diversos idiomas. Cheguei até a ser entrevistada para uma rádio local durante o passeio e falei ao vivo, em espanhol.

Além do roteiro turístico, há também vários bairros que devem ser visitados: na Recoleta, há o famoso Cemitério da Recoleta, uma obra de arquitetura ao ar livre onde está enterrada Evita Perón. Seu túmulo não é um dos mais bonitos, mas o cemitério é uma verdadeira cidade, com cada túmulo representando a casa de uma das famílias ali enterradas, além de centenas de gatos passeando pelas ruas. Se não fossem alguns caixões mantidos acima do solo, digamos, na varanda das casas, você nem se lembra que está em um cemitério.

Na Calle Alvear encontram-se os maravilhosos edifícios e mansões antigas onde funcionam os consulados de diversos países (incluindo o do Brasil, que é um dos prédios mais bonitos!), lojas de grifes ou hotéis boutique. Aproveite para comer uma deliciosa empanada no San Juanino (www.elsanjuanino.com) e, de sobremesa, tomar um sorvete na sorveteria Freddo. Nos finais de semana, funciona também uma feirinha de artesanato na Plaza Intendente Alvear, que fica em frente ao Buenos Aires Design, um shopping de decorações a la D&D.

Outro bairro interessante é Palermo, perfeito para uma caminhada, com uma praça e um monumento em cada esquina e cheio de parques e áreas verdes: o Jardim Botânico, Jardim Japonês e Jardim Zoológico ficam neste bairro, e são passeios bem gostosos pra se fazer em uma manhã ensolarada. Em Palermo também está o Malba, o Museu de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (www.malba.org.ar), que é uma ótima opção para quem deseja conhecer um dos vários museus da cidade.

Puerto Madero também é passeio obrigatório em Buenos Aires. Muitos restaurantes enfileiram-se ao longo dos diques, além de um cassino instalado num navio ancorado no porto (a lei argentina proíbe os cassinos na terra, mas não no mar!), em que você nem irá perceber que não está em terra firme. Aproveite para jantar um dia no Cabaña Las Lilas (www.laslilas.com), um restaurante com carnes e vinhos maravilhosos da mesma rede do Rubayat, onde você poderá provar um legítimo bife de chorizo. É em Puerto Madero que fica a Ponte de la Mujer, uma ponte modernista que liga Puerto Madero a um novo bairro residencial cheio de novos prédios em construção, através do Rio de la Plata. Use a imaginação e tente enxergar um casal dançando tango, que é o significado desta maravilhosa e única ponte.

Se você é louco por futebol como os porteños, pode fazer uma visita guiada na Bombonera, o estádio do Boca Juniors em formato de caixa de bombom, que fica no bairro La Boca. Se você tiver sorte, pode até assistir a um “partido” contra o arqui-inimigo River Plate, para sentir na pele o fanatismo dos argentinos pelo esporte. Dizem que as arquibancadas são tão íngremes que dá até vertigem, mas em compensação você irá assistir ao jogo bem de perto! Entretanto, o estádio é bastante afastado do centro e a região não é muito legal para andar pelas ruas, então tome cuidado para chegar lá.

Agora, se você gosta mesmo é de uma feirinha, aproveite uma manhã de domingo e conheça o antigo bairro de San Telmo, quando funciona uma enorme feira de antiguidades pelas ruas. Almoce no restaurante Don Ernesto e deixe seu autógrafo na parede, em meio ao de milhares de pessoas que já passaram por lá (se você conseguir encontrar minha assinatura e tirar uma foto ganhará uma garrafa de vinho!).

Na Avenida 9 de Julio também funciona o centenário Teatro Colón, famoso por sua arquitetura em estilo barroco. Aproveite para fazer uma visita guiada neste teatro que foi completamente reformado recentemente, ou ainda para assistir a uma ópera durante a temporada. Outra arquitetura impressionante é a Livraria El Ateneo, montada em um antigo teatro e onde os livros são só um pretexto. Reserve um dia para tomar um café no antigo palco enquanto aprecia os balcões iluminados e as pinturas no teto.

Outro passeio centenário é o famoso Café Tortoni, que você pode visitar tanto para um café da tarde ou para assistir a um tango à noite. Entre uma bocada e outra de medialuna (o típico croissant argentino em formato de meia-lua), você poderá observar os vitrais e colunas deste antigo edifício. Mas prepare-se, pois em alguns horários a fila é tão grande que você sentirá que não saiu de São Paulo...

Para quem quer assistir a um show de tango, prefira um show típico ao invés de um show para turistas. Fui no Sabor a Tango e simplesmente odiei, eu queria ver dança e a maioria do show era somente canto (incluindo a manjada “Don’t cry for me Argentina” apresentada de um balcão). Quase dormimos. Além disso, estes shows geralmente são caros, pois são acompanhados por um jantar (há também opções sem jantar). Neste caso, tanto o jantar quanto o vinho eram horríveis, e nossa vontade era de ir embora antes de acabar o show. Uma casa de espetáculos da qual eu já recebi algumas indicações foi a Señor Tango, que custa no mínimo 50 dólares e lembra um espetáculo da Broadway. Há também algumas escolas que oferecem aulas de tango, o que pode ser bastante interessante pra quem quer arriscar alguns passinhos novos.

Buenos Aires também é uma ótima opção para fazer compras de roupas de grife, perfumes, cosméticos, roupas e bolsas de couro. Além de ser mais barato que no Brasil, a cidade possui vários outlets a céu aberto, como a Calle Córdoba e a Calle Florida. Não se esqueça de pedir nas lojas o formulário do IVA para cada compra de artigos nacionais realizada, e chegue com antecedência no aeroporto na hora da volta para ficar na fila de brasileiros que solicitam o reembolso.

É obrigatório andar pela Calle Florida, onde há uma loja ao lado da outra, muitos camelôs vendendo lenços baratérrimos sobre suas cangas estendidas no chão, e ainda as Galerias Pacífico, um shopping que funciona em um edifício antigo que mais parece um museu de lojas de grifes em meio aos afrescos do teto. Minhas lojas preferidas desta região são a Prüne, de bolsas de couro e sintético, Ver, com roupas femininas baratinhas, e Portsaid, também de roupas femininas maravilhosas, mas não tão baratinhas assim. Para bijuterias e acessórios, fiquei louca na Isadora. E aproveitei também para comprar algumas caixas de alfajor para presentear os amigos no Brasil, na conhecida Havanna, ou na Abuela Goye, ambas igualmente deliciosas. Para variar um pouco do cardápio carnívoro, há vários restaurantes diferentes, como o Kansas, que fica dentro do Hipódromo de Buenos Aires, ou o Soberbia.

Para quem curte ficar em albergue, indico o Hostel Milhouse, que tem duas unidades bem localizadas perto da Av. 9 de Julio, e possui acomodações limpas e bem estruturadas. Fiquei em um quarto duplo, que, se não fosse pelos bicho-grilos encontrados no café da manhã, e pela ausência de uma TV e um frigobar no quarto, não deixa nada a desejar para um hotel. Além disso, para quem quer diversão, esta é uma ótima opção para conhecer gente nova. Todo dia há uma opção de lazer organizada pelo hostel, seja uma balada na Pachá, um show de tango ou um jogo de futebol na Bombonera.

E se você já tiver visto tudo isso, e ainda quiser conhecer algum lugar diferente, embarque no Tren de la Costa até os arredores da cidade e faça um passeio de barco pelo Rio Tigre, que mais parece um labirinto de ilhas com casas de veraneio.

Quando quer que você vá a Buenos Aires, confira as dicas da cidade no site www.ohbuenosaires.com. Y tengan todos un buen viaje!

domingo, 27 de novembro de 2011

Bariloche além do esqui

Todos os roteiros de Bariloche incluem uma semana de aulas de esqui, aluguel de roupas e equipamentos para quem curte – e quem quer se iniciar – neste esporte de inverno. Porém, para uma pessoa como eu, que não gosta de passar frio e nem de levar tombos, ao invés de conhecer este famoso destino, preferi optar por um roteiro bem diferente para conhecer a cidade e troquei o esqui por bicicleta, barco, cavalo, quadriciclo e moto de neve.

Como viajei sozinha, preferi ficar no Bariloche Hostel (www.barilochehostel.com.ar), onde conheci adoráveis argentinos e israelenses que se tornaram meus melhores amigos por uma semana. Com eles compartilhei alguns passeios, o café da manhã e a balada nossa de cada dia, o Wilkenny pub.

No primeiro dia, conheci o centrinho, repleto de lojas caras e com algumas particularidades como o Centro Cívico e a Catedral. No período da tarde, fiz um passeio de van com vários outros brasileiros, guiados por um engraçadíssimo guia. Depois, subi de teleférico (uma cadeirinha em quem você fica com as pernas penduradas) ate o Cerro Campanario, de onde se tem uma vista maravilhosa da região e do lago Nahuel Huapi. Mais tarde, fui também ao Cerro Otto, bem mais alto e ainda com neve em pleno mês de setembro, A montanha é acessível por um teleférico fechado que dá bastante medo, e lá no alto há um interessante restaurante giratório.

No segundo dia, fiz um passeio de bicicleta pelo Circuito Chico, uma rota de 30 km de subidas e descidas que você percorre em 6h e chega sem fôlego (e sem pernas) no final. Mas o passeio é lindo, com direito a vistas panorâmicas, lagos que refletem as montanhas como espelhos e fotos em companhia de um São Bernardo. Fazer este passeio de bicicleta faz toda a diferença!

Outro passeio que fiz foi ir de barco até a Isla Victoria e o Bosque dos Arrayanes (www.turistur.com.ar). Neste caso não recomendo ir sozinho, pois o passeio é freqüentado principalmente por casais, idosos e crianças, sem qualquer tipo de interação. A Isla Victoria não tem absolutamente nada, mas os Arrayanes são uma interessante vegetação, que os argentinos dizem ser a inspiração do Walt Disney para o filme do Bambi.

Visitei também o Cerro Catedral, o maior e mais importante centro de esqui de Bariloche. Há dezenas de opções de subida, porem escolhi ir até o Lynch, que me indicaram como a vista mais espetacular da montanha. Lá de cima, milhares de esquiadores equipados parecem formiguinhas deslizando sobre a neve branca, e mesmo sem estar esquiando, precisei alugar uma roupa específica para a neve, pois o frio é congelante.

Além de subir em mais alguns teleféricos, fiz também o passeio de moto de neve pelo Cerro Catedral (www.lacuevacatedral.com). Para chegar até a neve, primeiro você vai de quadriciclo pela base da montanha e depois troca para este outro veículo que nada mais é do que uma moto com um par de esquis no lugar das duas rodas. Adorei a sensação de dirigi-la, mas também de andar bem mais rápido na garupa do guia.

Um dos passeios mais interessantes de Bariloche é conhecer o Cerro Tronador, uma montanha que leva esse nome pois os movimentos da neve fazem um barulho igual ao de um trovão em dia de tempestade. É impressionante, e mesmo assim difícil de compreender que não se trata realmente de um trovão. O lugar onde paramos para escutar esta maravilha da natureza era de uma paz indescritível e se tornou meu novo santuário. O passeio inclui também uma caminhada por cachoeiras, caminhos de neve e termina no Glaciar Negro, uma mistura de neve com minerais que formam blocos de gelo negros, que mais parecem pedras em meio ao branco predominante.

Por fim, meu ultimo dia em Bariloche incluiu um delicioso passeio a cavalo pela região, em meio a lagos e bosques sem neve. No final, um maravilhoso almoço regado a vinho completou o clima mágico do passeio, com companhia agradável e direito a novos amigos.

Falando em comida, algumas dicas que tenho de restaurantes são o El Boliche de Alberto (www.elbolichedealberto.com), Tarquino (www.restaurantetarquino.com.ar) e Don Molina, todos com ótimas opções de carnes, entre outras culinárias típicas.

Depois de tudo isso, era hora de ir embora. Consegui conhecer muita coisa em Bariloche, mas não me incomodaria em visitar este paraíso novamente para repetir os melhores momentos. Para conhecer mais sobre Bariloche, visite o site www.vamosparabariloche.com.br.